CONSIDERAÇÕES - XVI Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro 2013

          
  
            A Bienal acabou infelizmente. Do dia 29 de agosto até o dia 08 de setembro, foram 11 dias de muitos eventos, livros, filas, emoções, surpresas e contratempos. A Academia Literária esteve lá e agora conta para vocês como foi o maior evento literário do Brasil.
                A estrutura do evento em si quase não mudou desde sua última edição, em 2011. Foram usados três, dos cinco pavilhões do complexo do Riocentro. Apesar da fila que antecedia a abertura das portas pela manhã, a entrada foi tranquila: havia muitos caixas para a bilheteria, uma fila separada para quem já possuía o ingresso e outra ainda para as pessoas credenciadas (professores, autores...). Mesmo as maiores filas se desfaziam em questão de dez, vinte minutos. Assim que entramos, a primeira surpresa: a maior palavra cruzada do mundo. Um painel enorme para o público completar. Ficamos por lá uns bons minutos preenchendo palavras. Muito divertido.
                Outra coisa muito divertida e que atraía a atenção da galera (crianças e marmanjos) eram algumas réplicas e estátuas presentes em alguns estandes: tinha um Superman, um Connor do Assassin's Creed, um Trono de Ferro do Game of Trones, a mascote do Androide e também uma gigantesca mascote do site de e-commerce Submarino. Todo mundo com câmeras e celulares na mão para garantir suas fotos.





      
 Mas a grande estrela do show era mesmo a literatura. Afinal, todos que ali estavam tinham em comum o apreço pelos livros. Foi lindo observar as pessoas se acotovelando nos estandes em busca de uma boa história para levar pra casa; os fãs querendo um contato com aqueles que criam essas histórias; as crianças puxando os pais pelas mãos, olhando encantadas as montanhas de livros; as mães e pais que levavam seus filhos para terem essa maravilhosa experiência. Uma única palavra para definir a Bienal: mágica!!!!
                Fizemos um pequeno balanço do evento, como leitores e visitantes que somos, como tantos outros que por ali passaram. Confiram:

Pontos positivos da Bienal:
- Descontos: praticamente todas as estantes estavam com algum tipo de promoção. 10, 20, 30, até 50% de desconto em alguns títulos. Descontos progressivos também eram comuns. Muitos brindes eram distribuídos para quem gastasse um valor x em livros. Opções não faltaram.
- Autógrafos: nada é tão gratificante para o leitor do que levar aquele seu livro favorito para o escritor autografar. Com certeza o carro chefe das atrações, as sessões de autógrafos movimentavam filas e mais filas na Bienal. As grandes editoras levaram seus maiores nomes para a Bienal e o espaço ficou pequeno para tanta gente. Mas nada que fizesse o bom leitor desistir de levar para casa o autógrafo de seu autor favorito. Nosso recorde de permanência em uma fila foi de cinco horas. Mas teve gente que esperou muito mais que isso para ficar 1 minuto ao lado de seu herói.
Palestra do autor +Eduardo Spohr 
- Palestras: depois das sessões de autógrafos, definitivamente as palestras eram as atrações que mais movimentava o pessoal. Como nem todo mundo poderia assistir, pois havia um limite de lugares, a galera praticamente madrugava na fila, esperando por horas sua senha. Nós ficamos duas horas na fila a espera de uma senha para assistir a palestra do Eduardo Spohr.
- Autores: eles encheram a Bienal. Dos grandes aos menores. Daqueles que você consegue conversar por horas e aqueles que você enfrenta filas enormes apenas para dizer algumas palavras.
- Leitores: o público LOTOU a Bienal. Os organizadores registraram um novo recorde: 660 mil visitantes! Destes, grande parte foi composto por jovens e adolescentes na faixa entre os 15 a 29 anos que representou 51% dos visitantes. Havia pessoas de todos os estilos por lá. E muitas oportunidades de conhecer gente nova, trocar ideias, impressões e comentários, discutir sobre autores e gêneros preferidos, fazer amigos. Poder compartilhar gostos e afinidades é algo a se comemorar.
- Difusão da leitura: sabe aquela velha história de que brasileiro não lê? Pode até ser parcialmente verdade, mas essa Bienal mostrou que esse cenário está mudando. Um público tão gigantesco lotando um lugar igualmente grande unicamente em razão do interesse por livros é prova mais que suficiente que o brasileiro já encontrou o gosto pela leitura. Qualquer pessoa que rodou pelos corredores da Bienal não pode deixar de notar que praticamente todo mundo estava com pelo menos uma sacola com algum livro. Também houve aqueles que circulavam com mochilas recheadas. E não faltaram aqueles que se valeram de malas com rodinhas (sim, aquelas de viagem) para transportar suas aquisições. Outra cena comum era ver pessoas, sozinhas ou em grupo, sentadas pelos cantos aproveitando uma pausa ou aguardando por alguma palestra ou sessão de autógrafos enquanto lia um livro. O resultado em números é surpreendente: uma média de 6,4 exemplares por pessoa. Sim, são muitos livros vendidos e isso significa muitos livros que serão lidos!
- Diversidade: esta estava em tudo e em toda parte. Diversidade de visitantes, de idades, de gostos, de gêneros, de temas, de autores, de atividades.  Tinha atrações para todos os gostos e todos os públicos, desde os baixinhos (Espaço Ziraldo), passando pelos jovens e adolescentes (#acampamento na Bienal), mulheres (Espaço Mulher), homens (Placar Literário). Autores nacionais e internacionais. E também a homenagem à literatura alemã.

Pontos negativos da Bienal:
6 Dilmas por isso!
- Comida cara: tudo era caro na Bienal. Com exceção dos livros, claro. Uma vez dentro da Bienal, o público não poderia sair,  já que não havia meios de controle como as tão famosas pulseirinhas de papel. Então, se a pessoa entrasse na abertura do evento e pretendesse sair somente quando fechassem as portas, teria 12 horas ininterruptas para desfrutar da Bienal. E necessariamente teria que se alimentar nesse período. E consequentemente ficaria refém dos preços muitas vezes absurdos que estavam sendo cobrados pelos comes e bebes. Somente para ilustrar: um cachorro-quente tradicional composto apenas por pão com salsicha de um mini-quiosque estava saindo por R$ 6,00! Latinha de refrigerante por R$ 5,00. Nem queiram saber o preço de um almoço completo.
- Filas: havia filas em toda parte. Nos caixas dos estandes, nas lanchonetes e restaurantes, nos banheiros. E não eram pequenas. Este é um inconveniente compreensível, mas não deixa de ser chato. Além das obvias vilas para sessões de autógrafos e senhas de palestras, havia filas enormes para tudo. Era absolutamente comum ver filas circundando estantes inteiros e isso apenas para se chegar aos caixas! Em alguns estantes de algumas editoras (Comix e Panini, só para citar alguns exemplos) havia filas enormes até mesmo para entrar.
- Espaço Pequeno: Pode parecer brincadeira, já que o local era enorme, mas para o tamanho do público, a sensação era que havia mais pessoas que o espaço poderia comportar. Andar pelos corredores, denominados ruas e avenidas, era uma verdadeira prova de obstáculos. E não estamos falando de horários de pico não. Mal os pavilhões abriam as portas, minutos depois já era dificílimo circular pelos corredores.
- Concentração dos principais editoras e pontos de interesses: uma coisa também compreensível é a tentativa de organizar as coisas por setores e temática. Assim, o primeiro pavilhão era preferencialmente dedicado aos livros infantis, por exemplo. Mas isso também trás algumas complicações. O segundo pavilhão concentrava a maior parte das editoras grandes e com maiores públicos. O resultado também não foi surpresa: este era o pavilhão onde era quase impossível andar, tamanha a lotação.
- Espaço para sessões de autógrafos: como ressaltamos no item “Pontos positivos na Bienal”, as sessões de autógrafos foram a grande sensação do evento. Era de se esperar que ocorresse grande procura do público por elas. Era previsível que os autores mais famosos reuniriam uma legião de fãs em busca do seu autógrafo. Então, deveria ser igualmente óbvio que essas sessões tivessem espaço adequado para ocorrer. Não foi assim. Uma das maiores, e também uma das primeiras, sessões foi do internacionalmente aclamado Nicolas Sparks. Houve correria, houve empurra-empurra, houve uma multidão enlouquecida e houve tumulto.
Fila para a sessão de autógrafos do autor +Felipe Neto 

Uma garota nos relatou (enquanto aguardávamos na fila de outro campeão de público, Felipe Neto) que uma amiga dela conseguiu seu ansiosamente aguardado encontro com o ídolo e, de quebra (sem trocadilhos), um braço quebrado. Não temos detalhes, somente o relato breve da referida garota. A experiência serviu para, nas sessões seguintes, os organizadores da Bienal instituírem na distribuição de senhas para as próximas sessões de autógrafos de autores de maior apelo público, limitando-se assim o número de pessoas que seriam atendidas. Outra medida tomada para evitar tumultos foi a transferência das sessões para a cobertura do jardim central. Ainda assim a sessão do autor +Eduardo Spohr , que se iniciou por volta das 19h00min no sábado do último fim de semana, terminou bem depois das 23h00min (lembrando que o evento era encerrado oficialmente as 22h00min). Isso por que o próprio autor, simpático e carismático como sempre, garantiu que atenderia até o último leitor, independente de senha, horário e local (até no estacionamento, ele garantiu). Mas a maior parte das sessões de autógrafos ocorreu mesmo no estande das editoras, onde, dependendo do autor em questão, enormes filas eram formadas atravancando ainda mais os já congestionados corredores.
- Horários conflitantes: outra questão que causou grandes transtornos para o público e que não foi cogitada pelos organizadores foi o intervalo entre as sessões de autógrafos e palestras dos principais autores. Era imagem corriqueira ver grupos de amigos se dividindo para “guardar” lugar em filas de diversos autores a fim de não perder nenhuma atração.


                E foi isso. A Bienal veio; arrebanhou uma legião de visitantes; movimentou o Rio de Janeiro nesses 11 dias; tirou os autores da frente de seus computadores, de dentro de seus escritórios, de suas cidades e os trouxe para próximo dos leitores; agitou o cenário literário do país; e mostrou que brasileiros também leem e cultivam esse prazeroso hábito.

                Nas palavras estampadas no pórtico de saída: até 2015!
       
                Ficou curioso com as fotos mostradas? Clique aqui para ver o álbum completo!
Helkem Araujo

O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade; sei lá de quê! - Florbela Espanca
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Comentários
2 Comentários

2 comentários :

  1. Parabéns aos colaboradores da Academia Literária por cobrir esse evento. Assim temos um gostinho de como é estar na Bienal. E fico feliz de saber que teve mais pontos positivos do que negativos hahaha E como eu queria aquela palavras cruzadas e o assasin's creed! :p
    Tomara que esse post sirva como insipiração aos leitores para irem nas próximas Bienais e aos produtores da Bienal a melhorarem os seus pontos negativos.

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  2. Foi realmente muito estar lá. Já estamos ficando veteranos, esta foi nossa segunda Bienal do Rio. Já estou aguardando ansiosamente por 2015!!!!!

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