Dia Nacional do Leitor



Dia 07/01 é o dia do Leitor! Uma data feita para comemorar aqueles que 
gostam de ler e tem, no livro, um grande amigo e companheiro.


“Ler é viajar” - esta frase é bastante conhecida e não deixa de ser verdade pois foi (e ainda é) através da leitura que o homem passou a conhecer lugares onde nunca esteve, se remeter ao passado histórico ou criado e até mesmo, projetar o futuro. Mas ler nem sempre é uma tarefa fácil.

É importante lembrar que não se nasce leitor, o aprendizado da leitura é um processo infinito de capacitação que é fomentado pelo contato com livros.

Ler nunca é uma atividade passiva. Através da leitura, o leitor identifica e cria lugares, personagens e estórias. Muitas vezes, se projeta no que está lendo. 

Mas o que é o leitor?

Dicionário 1: adjetivo: Que lê; substantivo masculino: aquele que lê;

Dicionário 2: aquele que lê para si, mentalmente, ou para outrem, em voz alta, textos escritos; ledor; 2. que tem o hábito de ler; 3. que lê habitualmente determinado periódico, gênero de literatura, autor;

Dicionário 3: O leitor, na teoria literária, é uma das três entidades da história, sendo as outras o narrador e o autor. O leitor e o autor habitam o mundo real, e o narrador existe no mundo da história (e apenas nele).


A verdade é que as definições acima são incompletas e superficiais. O leitor não é só um adjetivo, senão bastaria que alguém lesse bulas de remédio, papéis de bala, outdoors ou versos escritos em banheiros públicos para ser leitor ou que lesse apenas uma vez quando criança, qualquer coisa, para carregar a medalha de LEITOR no pescoço pelo resto da vida. O leitor, tampouco é um reles substantivo, decretando assim que todos os alfabetizados são, automaticamente, leitores. Pergunte a alguém que sabe ler como ele define o leitor. Melhor, pergunte-se a você mesmo: o que é o leitor? Pense um pouco antes de continuar a leitura do texto.
   
Se você definiu o leitor com um sujeito Deus Pai, uma espécie de eremita antediluviano sentado em meio a montanhas de livros procurando respostas para os porquês da vida; ou um autista que se abstrai da realidade ao ponto de bater com a testa em postes ou cair em bueiros abertos porque usava um livro no lugar dos óculos; ou uma estátua acadêmica – inacessível, mas agradável aos ouvidos dos que lhe ouvem – do eterno aprendiz em busca da sabedoria e lucidez; ou se simplesmente enumerou tudo aquilo que o leitor não é: não pratica esportes, não vê tevê, não toma cerveja nos botecos com amigos, não tem carro nem namorada; se você pensou em alguma imagem próxima destas, você errou feio. Para ter acertado, você precisaria ter pensado de imediato em si mesmo, em algum parente ou conhecido como leitor.

 
 Definir o leitor é como definir o ser humano. É um conceito complexo assim como o verbo ler. É tão difícil tentar explicar o verbo ler quanto os verbos viver e amar. O que é amar? O que é viver? O que é ler? Pode-se apenas tentar chegar perto, mas o verdadeiro sentido continuará sendo interior, íntimo, pessoal. Só quem é leitor sabe o que é o leitor, mesmo que não consiga defini-lo, assim como quem ama sente o amar e quem vive entende o viver. E entenderá só de um leitor: dele mesmo, porque cada leitor é diferente e único. Não existe leitor-gêmeo nem leitor-clone.

   O leitor é aquele que ama em silêncio, e como um cara solitário, sai em busca de uma companhia melhor que a sua. Quando não encontra na vida real, procura dentro do livro. O leitor precisa de alguém que o maravilhe contando coisas novas, histórias tristes, de amor, de guerra, de terror. Precisa de alguém que mostre terras que nunca conheceu ou conhecerá, épocas passadas ou caminhos para o futuro, que responda as suas dúvidas interiores, que entenda os seus problemas sem precisar confessá-los. Não que a vida real do leitor não seja interessante, mas ela não lhe é suficiente. O leitor tem uma fome insaciável: precisa sempre de mais vida pulsando dentro de si.



    O leitor - não o livro - é semelhante ao bom vinho: fica melhor com o passar dos anos. Por isso, quando o leitor volta a um livro que leu ou tentara ler no passado, o encontra mais saboroso, interessante, diferente. Não foi o livro que atingiu a maturidade fermentando os seus parágrafos sorrateiramente enquanto estava esquecido na estante poeirenta, foi o leitor que envelheceu e evoluiu. Livros de bom gosto só apreciam leitores de boa safra.

    O leitor não lê por obrigação, ler para ele, além de uma necessidade vital, é um prazer. Ele se apaixona junto com a mocinha e morre com o príncipe, trama astúcias com os vilões e voa nas asas dos anjos. É um eterno romântico, sem a necessidade de ser exclusivo: ama personagens, escritores, livros e muda o seu jeito de ser por causa deles. E mudando por dentro, muda também o que costuma ler. Mas também corre o risco de virar um releitor dos livros que o marcaram. Ser leitor é ser uma raça diferente dentro da raça humana, não melhor, não mais inteligente, apenas feliz e satisfeita de uma maneira divinalmente diferente.

Você nunca sabe quem você vai inspirar com a sua história

A Academia parabeniza os leitores, pois os livros, os escritores e nós blogueiros não teríamos razão de existir sem a presença e o carinho de cada um de vocês.

Parabéns e obrigado aos nossos leitores!




Fonte: www.recantodasletras.uol.com.br, Soleis, Guia dos Curiosos e Texto baseado no livro Como um Romance (ROCCO, 1993) de Daniel Pennac - Texto extraído do blog: Libru Lumen

Comentários
1 Comentários

Um comentário :

  1. "Não foi o livro que atingiu a maturidade fermentando os seus parágrafos sorrateiramente enquanto estava esquecido na estante poeirenta, foi o leitor que envelheceu e evoluiu. Livros de bom gosto só apreciam leitores de boa safra".

    Me identifiquei particularmente com esse trecho. Quando releio um livro que li a muito tempo, sempre acho que ele está melhor. Um livro em especial sempre evoca novas e surpreendentes emoções: "O pequeno príncipe".
    É o livro mais lindo que já li e reli incontáveis vezes.

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