ENTREVISTA: Robson Gundim

Bom dia, leitores! Hoje é dia de entrevista! Convidamos nosso autor parceiro Robson Gundim para responder algumas perguntas sobre sua vida e carreira como escritor. Vamos conferir?

Um sonhador que adora gatos
Academia: Em primeiro lugar, estamos muito contentes que você tenha aceitado ser nosso Parceiro da Academia! Vamos começar pelo autor. Quem é Robson Gundim?
Robson: Não é nada fácil falar sobre esse sujeito... Mas ele é um cara comum, de família humilde e honesta, que está sempre disposto a aprender e a enfrentar os novos obstáculos. Esse cara adora uma sala de cinema; curte livros fantásticos; pirataria (clássica) quadrinho e mangá; não perde um bom seriado, não come carne vermelha e adora gatos. Esse cara tem como principal objetivo a realização dos sonhos... Pois é. O Robson é bastante sonhador. Do tipo que pensa em coisas absurdamente imprevisíveis, que age imediatamente em prol daquilo que acabou de brotar ou que vira noites em claro trabalhando se for preciso para alcançar um novo ideal.

Academia: A Academia Literária-DF e seus fãs estão “babando” com as belíssimas ilustrações que acompanham suas obras. Mas o que veio primeiro: a escrita ou o desenho?
Imagina se fosse profissional xD
Robson: Isso é tão legal! Eu sempre fico contente quando algum leitor ou amigo elogia meus desenhos. Eu não me considero um desenhista profissional. As vezes levo horas e dias para finalizar um mero rabisco. Tudo depende do momento. Eu costumo dizer que a arte de desenhar na minha vida é como a arte de escrever; o que vem da alma é inenarrável, e eu só consigo quando estou intensamente focado ou bastante inspirado. Percebo que alguns desenhos acabam chamando a atenção de leitores. Acredito que sejam uma espécie de chamariz nesse contexto, o que me deixa bastante satisfeito! Eu sempre tive o sonho de escrever um livro e mostrar os personagens conforme eu havia imaginado (não que a escrita não possibilite isso, mas com as ilustrações, eu consigo dar um ar cinematográfico). Eu devo dizer que o desenho veio primeiro. Eu sempre desenhei... desde moleque. Depois fui criando meus personagens e lendo livros ilustrados, o que me impulsionou a escrever o meu livro.



Academia: Você frequentou algum curso ou escola de arte? Ou é um dom natural dar forma e cor a sua imaginação?
Robson: Não frequentei nenhuma escola e nunca recebi aulas em casa. Mas ainda alimento o desejo de fazer alguns cursos para aprimorar minhas técnicas. Eu apenas esboço e vou traçando com o lápis, e só depois de horas é que eu trabalho a arte final, utilizando tinteiros como nanquin ou mesmo as canetas comuns do tipo bic. Se é dom natural eu não sei, mas sou infinitamente grato a Deus pela oportunidade de rabiscar meus personagens! (risos)

Academia: E com a escrita, como foram seus primeiros passos? Quando começou a criar e contar histórias? Existe alguma relação entre a sua vida e a dos personagens?
Robson: Bem, os primeiros passos foram rápidos e engraçados. Eu comecei (como todos os escritores, imagino) como leitor de bons livros (e ainda sou, é claro rsrs), e na fase áurea do Ensino Fundamental eu tive acesso a alguns clássicos da literatura que me encantaram de cara. Mas a minha maior paixão estava mesmo na antiga coleção Vaga-Lume da editora Ática, que contava com livros ilustrados de diversos autores (incluindo Marcos Rey e Francisco Marins). Desde pequeno eu fui agraciado pela oportunidade de ler livros, mas a minha família não tinha o hábito de ler, o que acabou me restringindo um pouco das bibliotecas da vida. A partir dos meus 10 anos eu já produzia alguns textos, criava personagens repletos de diferentes façanhas e nesse procedimento eu mesmo fazia a capa e as ilustrações internas. Só que tudo ocorria muito rapidamente. Era basicamente um “livro” por semana! Eu escrevia, desenhava tudo e engavetava... Isso ocorria sempre que eu finalizava a leitura de algum conto ou mesmo alguma história da coleção Vaga-Lume. Com o passar
Algumas ilustrações são inspiradas em pessoas reais.
do tempo, virei um cinéfilo completo, conheci grandes autores que muito me inspiraram, e daí então comecei a criar meus próprios livros de verdade, tendo como influência toda essa bagagem cultural. Foram meses e anos incríveis que jamais deixarão a minha memória. Sobre a relação com os personagens... Eu costumo dizer que cada um deles externam um pouco do Robson. Existe aqui e ali um pouco do Robson guerreiro, do Robson pessimista, do Robson curioso, do aventureiro, do medroso, do corajoso... Mas acima de tudo, do Robson sonhador.



Academia: Como está sendo a receptividade dos leitores as suas duas obras? Uma continuação está a caminho?
Robson: Olha, é difícil apontar se todos que estão tendo acesso permanecem ansiosos pelos próximos volumes. Existem grupos que interagem comigo nas redes sociais e nos encontros literários da minha cidade, da mesma forma que existem os grupos que não se pronunciam. Mas até então, graças a Deus, eu tenho recebido feedbacks muito positivos, o que tem contribuído bastante para que eu prossiga com mais fé e atenção. Vale lembrar que a saga ENTRE O CÉU E O MAR se tratava a princípio de um único livro, mas devido ao tamanho eu resolvi dividi-lo em dois livros (um seria à parte, que é UMA ODISSEIA ALÉM DO OCEANO, com seu desfecho, e o outro narraria a infância e a origem de Annette e os demais personagens, em NOS MONTES DA INOCÊNCIA). Mas quando eu lancei o segundo pela editora MODO, soube que deveria dividi-lo também, pois o mesmo ainda permanecia grande demais. Por essa razão a “duologia” acabou virando uma “trilogia”, embora eu considere os livros como um só, em um apanhado geral. Devo admitir aqui e agora que como escritor, eu não gosto de trilogias (como leitor, aí são outros quinhentos). A trilogia seria a única (pois o processo da criação de ENTRE O CÉU E O MAR levou quase uma década! E acredito que o desfecho do último livro encerrou com estilo) mas como alguns leitores demonstraram uma grande simpatia pela Annette e pelo Vasseur (e eu havia criado um personagem “misterioso” que é apenas nomeado nos livros), decidi escrever um spin-off da trama, narrando uma parte da vida dos irmãos piratas e apresentando, finalmente, esse misterioso personagem. Não existe data para algum possível lançamento, pois o livro ainda está sendo trabalhado.

Academia: Existem referências a outras obras em sua história? E quais foram suas inspirações?
Série Castlevania
Robson: Há e sempre haverá as boas raízes. Em resumo, as obras que eu li na infância me conduziram para o âmbito literário, e algumas delas deixaram algumas marcas em mim, como por exemplo, o estilo dos livros da série Vaga-Lume (que eram todos ilustrados). Eu costumo utilizar uma mescla de gêneros nos meus livros, onde torna-se possível até mesmo homenagear algum escritor influente. No caso de ENTRE O CÉU E O MAR existem as velhas referências contextuais (contidas em alguns momentos da narrativa ou mesmo na trama), e as referências visuais (contidas nas artes, que provém de cenários cinematográficos ou mesmo de atores reais). Sou amante da sétima arte e cresci assistindo Quentin Tarantino. Da mesma forma, conheci jogos como Castlevania (que me fez criar expectativas e curiosidades para ler Drácula, um dos livros mais belos que já li), dentre outras obras de cunhos diferenciados, como o suspense de Agatha Christie, o fantástico de Edgar Rice Burroughs e o grotesco de HP Lovecraft, e outros grandes filmes... Então eu basicamente misturei tudo o que me fascinava e criei o meu próprio mundo, sem perder é claro a originalidade. Inclusive, na página do livro já entrou em curso o hábito de postar curiosidades por trás das páginas e das ilustrações, e isso abrange algumas menções honrosas, recomendações de livros e homenagens também.


Prestem bastante atenção nessa foto, leitores. Surpresas estão por vir por conta dela.

Academia: Há outros projetos em andamento? Em algum outro universo? Se sim, vai ter ilustrações?
Robson: Eu tenho até então (À exceção da saga ENTRE O CÉU E O MAR) quatro manuscritos finalizados, sendo que existe um quinto inacabado. Cada um desses livros se passa em um ambiente e em uma época diferente. São três livros de aventura, e um de terror. Um deles se chama PONTO DE FUGA, que começou a ser divulgado no Orkut em 2009, e nas demais redes sociais em 2012. É um livro bastante influenciado pelo estilo “Pulp” de Quentin Tarantino, e cada capítulo homenageia um de seus filmes e aqueles que também o influenciaram (spagheti western, katana western, blaxploitation, samurai, hong kong kung fu, etc), ou seja, é uma salada tarantinesca, literalmente falando! E é muito próximo de Kill Bill, pois envolve artes marciais, quadrinhos e assassinos em busca de vingança. É uma trama simples, mas com um enredo pesado e muito violento. Já comecei a ilustrá-lo, e ressalto desde já que haverão capítulos no estilo “mangá”, e em algumas imagens o sangue parece saltar das páginas! Tenho muita vontade de ver esse projeto pronto, pois PONTO DE FUGA nasceu em 2009 e desde então eu havia enrolado um pouco até finalizá-lo no ano passado...

Óculos 3D? Pra que?

Academia: Como escritor, você se deixa levar pelo gênero Fantasia. E como leitor, quais gêneros literários embalam suas viagens?
Robson: Eu acredito que todo leitor se deixa levar pelo gênero fantástico. A visão do que é “fantástico” depende de cada um. Eu escrevo fantasia, mas em meus livros vocês jamais verão dragões surfando sobre línguas de fogo, magos conjurando palavras mágicas ou seres encantados. Eu gosto de ler, principalmente se o gênero for ficção, mas também admiro um bom livro que me apresente um fundo histórico. Gosto de ler suspense, drama, terror, romance, aventura; gosto de poesia, roteiro, soneto... (No entanto, tudo bem! Os livros de terror e de aventura sempre cabem um pouquinho mais na minha estante! São os meus prediletos...).

Academia: Qual autor (a) você indicaria para ser nosso “Parceiro da Academia”?
Robson: Olha, mas que pergunta difícil! Vamos lá... Apesar de eu ter citado grandes nomes da literatura estrangeira que sem dúvidas me influenciaram, preciso dizer que também mantenho enorme admiração por escritores da nossa terra, e atualmente eu tenho conhecido tantos amigos talentosos e batalhadores, que tudo isso me leva a crer que a literatura em nosso país tem uma grande chance de atingir elevados patamares... Irei indicar não todos (pois certamente me faltariam linhas abaixo!) mas aqui se vão nomes que não posso deixar de mencionar: Lucas Moraga, Maud Epascolato, Pamela Filipini, Lucas Odersvank, Elton SLD, Thami Oliveira, Cristiane Broca... São muito talentosos e tem muito a contribuir para com a literatura nacional. A Academia não irá se arrepender!

Academia: Para finalizar, primeiro, gostaríamos de agradecer pela parceria e colaboração com a Academia. Gostaria de deixar um recado para os aspirantes a escritores? E para seus leitores?
Robson: Eu topei na hora a parceria, e confesso que me surpreendi positivamente! Não tenho reclamações de nenhum blog parceiro, todos são muito prestativos, engenhosos e super amigáveis, e a Academia demonstrou todas essas qualidades, um trabalho sério, com autenticidade, e um enorme respeito em nome da amizade, que é o que eu mais prezo.
Atenção leitores!
Eis aqui uma grande promessa da literatura nacional!
Aos “aspirantes a escritores”, saibam que todos nós somos verdadeiros “aspirantes”; sempre teremos de enfrentar as mesmas dificuldades, os mesmos processos delicados de se montar uma estória e sempre enfrentaremos os “bloqueios da vida”... São momentos. E podemos nos ater aos erros, aprender com eles, e com a devida diplomacia e disciplina, superá-los! O segredo é não perder o foco... Ler bastante, (ler de tudo, seja romance, auto-ajuda, quadrinho, revista, mangá, hentai, rsrs) e escrever; escrever muito, se possível todos os dias. Praticar. Crie um diário. Escreva contos ou poesias. Visite sites literários e participe de grupos no Facebook (eu recomendo a “Armada da Depressão, criado pelo Augusto Assis, é um espaço destinado aos escritores nacionais, e o que mantém o grupo em alta é justamente a troca de experiência entre os membros), crie postagens, comente em blogs e fique antenado em tudo o que ocorre no ramo editorial também. Não perca o fio da meada e nem acelere demais; tudo o que é feito na pressa, acaba sendo abraçado pela imperfeição, e eu acredito que as coisas boas advém no tempo certo. ... sempre.
Aos meus leitores eu externo todo meu agradecimento e a minha felicidade por poder contar com vocês e compartilhar aquilo que esculpi com tanto cuidado e paixão. Não é possível viver em um mundo de não leitores; nós somos a sustentabilidade da palavra. Espero poder continuar trazendo novas aventuras para suas vidas e muitas navegações por entre mares de fantasias e imaginações!
Desejo muito sucesso a ACADEMIA, que a perseverança e a simpatia de seus idealizadores continuem em alta, isso certamente os elevarão e os conduzirão a voos grandiosos! Grande abraço!

Robson Gundim.

Nota do entrevistador: Fui ali lavar o rosto porque um cisco entrou no meu olho...

A Academia Literária DF agradece de CORAÇÃO por suas palavras carinhosas. São pessoas como você que fazem nosso trabalho valer a pena. Sucesso na sua brilhante carreira. Um grande abraço de toda a nossa equipe.

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Luciano Vellasco

Sou o cara que brinca de ser escritor e se diverte em ser leitor. Apaixonado por livros, fotografia e escrever. Jogador de rpg nos domingos livres, colecionador de Action Figures e Edições Limitadas de jogos. Cinéfilo, amante de series e animes. Estou sempre em busca de conhecer novas pessoas e aprender com cada uma delas e por último, mas não menos importante: um lendário sonhador.
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Comentários
3 Comentários

3 comentários :

  1. A entrevista ficou ótima, foi uma grata surpresa e adorei responder cada pergunta! Já disse que aqui eu me sinto em casa, não é mesmo? A atenção e o cuidado do blog me agradam e me levam a crer que ainda compartilharemos muitos projetos aqui. =D Obrigado de coração pelo apoio, Academia!

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  2. Gente! Mas que entrevista mais completa e cheia de detalhes! Simplesmente épica. O robson realmente merece tudo o que foi dito. Acredito que autores como ele fazem com que os sonhos não fiquem apenas no papel. Eles acontecem no tempo certo. Obrigado pela menção honrosa e desejo ainda mais sucesso ao Robson e à ACADEMIA!
    Forte abraço

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  3. Palavra certa: épica. A entrevista ficou mesmo simplesmente épica. Realmente autores como o Robson fazem a diferença e a Academia ficou muito grata pela receptividade e carinho. Compartilharemos muitos projetos com certeza e os que foram mencionados já estamos de olho em suas obras. ^^

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