RESENHA - Assassin's Creed - Bandeira Negra (Oliver Bowden)

Ficha técnica:
Referência bibliográfica: BOWDEN, Oliver. Assassin’s Creed – Bandeira negra. Rio de Janeiro, Galera Record, 2013. Tradução: Ryta Vinagre. 1ª edição, 336 páginas.
Gênero: Ficção, Aventura, Fantasia Histórica.
Temas: Irmandade de assassinos; pirataria.
Categoria: Literatura estrangeira; Literatura Inglesa.
Ano de lançamento: 2013 na Grã-Bretanha; 2013 no Brasil.
Série: Assassin’s Creed – Renascença (Livro 1); Assassin’s Creed – Irmandade (Livro 2); Assassin’s Creed – A cruzada secreta (Livro 3); Assassin’s Creed – Revelações (Livro 4); Assassin’s Creed – Renegado (Livro 5); Assassin’s Creed – Bandeira negra (Livro 6).










“Não há nada mais ruidoso como o tiro de um canhão. Especialmente quando ele soa em seus ouvidos.
É como ser atacado pelo nada. Um nada que parece querer esmagar você. Como se o próprio ar a sua volta tentasse esmagá-lo. E você nem sabe se é um truque de sua visão, chocada e ofuscada pela explosão, ou se o mundo está realmente se sacudindo. Provavelmente, nem importa.
Em algum lugar, o tiro de impacto. Pranchas de barco se lascam. Homens com braços e pernas decepados, e homens que olham para baixo e, poucos segundos antes de morrer, percebem que metade do corpo foi arrancada e começam a gritar. Só o que você ouve logo em seguida é o rangido do casco danificado, os gritos dos mortos e moribundos.”
*Assassin’s Creed - Bandeira Negra (Pág. 105).


          Edward Kenway, filho de Bernard Kenway e Linette Kenway, um jovem impetuoso, ambicioso, tão habilidoso com as mulheres quanto era com a cerveja, via-se numa vida sem pretensões, tendo que ajudar nos negócios do pai – um criador de ovelhas. Preso num mundo ao qual não pertencia. Certo dia, em mais uma de suas bebedeiras, impelido a ajudar uma dama que seria alvo de três homens ("Um destino pior que a morte"). Depois de uma bela surra, por conta da desvantagem numérica, fora salvo pela jovem e linda Caroline Scott, filha de Emmett Scott, um rico mercador que negociava chá. O jovem Edward logo se apaixonou por ela, mas um abismo os separava. Ela era rica e ele, pobre. Sem ter condições de sustentar sua paixão pela moça, ele se vê num beco sem saída. Até a chegada de um recrutador. O homem oferece uma chance a ele de virar Corsário. Bucaneiros a serviço da Coroa, que são autorizados a fazer saques contra os inimigos da Rainha Ana.
              Depois de pensar muito a respeito do pedido, eventos se desenrolam que acabam por fazê-lo abraçar a vida de Corsário, para que no futuro, ele possa voltar e dar a sua amada a vida de luxo e riqueza a que ela estava acostumada. Não que ela quisesse isso. Caroline estava feliz em ser como ele, mas seu orgulho de homem falou mais alto que a razão, sua vontade de se aventurar virou seu combustível e um atentado que marcaria sua vida o fizeram embarcar em um navio para o mar aberto. No entanto, nem sempre os planos que traçamos dão certo e o destino acaba por transformar o jovem Kenway em inimigo da Coroa, algo que ele jamais planejara para si, algo que ele repudiava com todas as forças, algo que poderia separá-lo de sua amada para sempre.
              Edward Kenway tornou-se um pirata.
            O Livro começa contando a história de Edward quando ele tinha apenas 17 anos. De como ele conheceu Caroline, como se apaixonou e como colocou na cabeça que queria dar uma vida melhor para a mulher pela qual tinha se apaixonado perdidamente. Esse início me desagradou, pelo simples fato de que ele se parece muito com o início da vida de Ezio Auditore, protagonista de outros títulos da franquia Assassin’s Creed. Um jovem, caçador de brigas, que tem uma família rival, gosta de uma donzela rica, quer se casar com ela, mas acontece algo terrível com sua família, o que o obriga a trilhar outros caminhos diferentes daquela vida que ele tinha antes. Acho que poderiam ter feito um passado diferente para o Edward e não somente reciclar um já utilizado, com alterações aqui e ali.
              O livro fica muito interessante depois que ele entra para a tripulação do Emperor e aprende as minúcias que a vida nos mares requer. Ao contrário de Ezio ou Altair (outro membro da Irmandade de Assassinos), Edward não tinha qualquer pretensão de se tornar um assassino. Tudo se resumia a saquear, ficar rico e voltar para Caroline. Isso o levou à vida de Corsário, que inevitavelmente o levou à vida de pirata, depois impostor (vocês vão ter de ler para entender essa) e depois Assassino.
              Como sou fã de histórias ambientadas num plano mais real, usando-se de elementos trazidos do que de fato aconteceu ou acontece no mundo com a adição de algum elemento feérico, acompanho a série Assassin’s Creed desde o primeiro livro e “Assassin’s Creed – Bandeira Negra”, sexto volume da série, não difere dos outros, sendo esta também uma viagem histórica ao passado. Uma aula de história, onde seu professor é o livro e seu dever de casa é pesquisar sobre o que de fato aconteceu na época retratada. E como a obra é sobre a Era de Ouro da pirataria, um tema que eu aprendi a gosto muito ao ver Piratas do Caribe, foi mais um ponto positivo para eu partir para a leitura.
           Para mim, foi um entrave o uso excessivo de sinônimos. Acredito que alguns sejam necessários devido à época em que a trama se passa, mas por conta deles tive de parar mais vezes do que posso contar com os dedos das mãos para pesquisar palavras que fugiam do meu vocabulário habitual. Demorei mais tempo do que pretendia lendo o livro por conta das pausas didáticas. Como já conhecia um pouco de termos náuticos, essa parte não foi um problema tão grande e agora posso até me arriscar a entrar em um navio pirata e me fazer de entendido do assunto (ao menos um pouco entendido).
           Se você, leitor, nunca leu algum livro que aborda termos náuticos e de como era a comunicação entre os marinheiros na época da história, não conhece as lendas da era de ouro da pirataria e tem dificuldade com palavras mais pomposas, sugiro que leia este livro com o Google aberto, ou ao menos um dicionário por perto. O livro é recheado de termos náuticos. Bombordo, estibordo, proa são só alguns exemplos simples. O autor se utiliza muito de palavras difíceis para dar continuidade ao texto. Um leitor não acostumado vai demorar um pouco mais para terminar de ler esse livro (se quiser saber o que as palavras significam). E, claro, o livro é uma caminhada pela história como qualquer outro da série. Personagens ícones de sua época (que realmente existiram) podem ser encontrados nas linhas escritas pelo historiador Oliver. Barba Negra, terror dos sete mares, é um dos maiores exemplos dessa trama, assim como Stede Bonnet, Willian Kidd, Charles Vane, Cálico Jack, Anne Bonny e Mary Read. Ah, cuidado para não se confundir, o nome verdadeiro do Barba Negra é Edward Thatch, o mesmo primeiro nome do protagonista: Edward James Kenway.
                Bowden, dessa vez, faz uso do narrador em primeira pessoa. Edward conta sua própria história a um ouvinte não revelado. O uso desse recurso é tão presente, que às vezes o leitor pode imaginar Edward falando com ele enquanto lê sobre suas aventuras. "Sim, sim, sei o que você está pensando. E sim, sim, eu me senti meio culpado por isso. Mas não culpado demais". Pág. 39.
                A fluidez da narrativa não fica livre de pausas, já que o autor (e a pessoa que traduziu a obra para o português) usa muitos sinônimos na obra. Edward vai sendo construído à medida que a história se desenrola, não há história de outros personagens, apenas o que Edward descobre e conta ao ouvinte é revelado no livro. O uso de datas nos mantém atentos à linha temporal da história, tanto que, se o leitor mais interessado desejar, pode procurar registros históricos da época e encontrar fatos que realmente aconteceram, alterados de forma a dar espaço ao protagonista e toda a batalha entre a ordem dos Assassinos e os Templários. Apesar de fazer parte de uma série, este livro não estabelece uma relação de sequência direta com os outros títulos (podendo ser lido separadamente dos outros). Os acontecimentos do livro se passam muitos anos antes da história de Connor ( protagonista de “Assassin’s Creed – Renegado”, 5º livro da série, 3º jogo da franquia), neto de Edward acontecerem. O que os une é a eterna luta de Assassinos e Templários, esses últimos, ávidos pelo controle do mundo a seu modo.  
              Assim como nos outros livros da série, os acontecimentos se passam rapidamente. Uma hora, vemos o protagonista com certa idade ou contando alguma coisa que aconteceu com ele em determinado ano; nas páginas seguintes já se passaram meses ou até mesmo anos desde o último acontecimento. Alguns leitores podem estranhar essa linha de acontecimentos veloz que o autor nos apresenta e até achar que tudo não passa de preguiça de escrever mais, porém não é bem assim. O livro foi adaptado de uma franquia de jogos eletrônicos. Seria muito complicado ambientar o jogo inteiro dentro das páginas do livro. Alguns acontecimentos passaram rápidos demais no livro, pois no jogo, há uma série de missões secundárias que podem ou não preencher essa lacuna deixada pelo livro. Outro entrave é escrever TUDO o que aconteceu com o protagonista em todos os anos que ele descreve suas aventuras. Alguns momentos não precisam ser lembrados porque não há nada de muito importante neles. Essa é uma característica do autor. Contar sobre toda uma vida, em um único volume.
                A série  “Assassin’s Creed” foi transportada para as páginas por Oliver Bowden, um dos pseudônimos utilizado pelo historiador, escritor e gamer Anton Gill, que também adota o pseudônimo Ray Evans. Filho de mãe inglesa e pai alemão, este inglês nasceu em Ilford, Essex  no ano de 1948. Especialista na História Renascentista, Gill já escreveu muitos títulos entre ficção e não-ficção. Antes de dedicar-se à literatura e a história, Anton Gill trabalhou no Royal Court Theatre, em Londres, no Conselho de Artes e também na TV BBC. Casado, vive em Paris, França, com a mulher.
                Devido ao fato de a obra ser baseada numa franquia bem sucedida de jogos para vídeo game, o livro é extremamente indicado para os leitores que já puseram as mãos em sua versão dos consoles. Uma imersão diferente sobre uma mesma história. Trocar os controles pelas páginas do livro pode acabar se tornando um vício a mais para o jogador/leitor. Para aqueles que não interagem muito com vídeo games, não se preocupem, não é preciso jogar para ler. Tudo está muito bem explanado nas páginas do livro. Também recomendo para aqueles que adoram pesquisar sobre histórias antigas e personagens lendários de suas épocas.
                A série Assassin’s Creed é sem dúvida um épico de seu gênero.



Bibliografia de Oliver Bowden (ordem cronológica):

Livros (publicados no Brasil pelo pseudônimo Oliver Bowden):

  • Assassin s Creed: Renascença - Editora Record (2011)
  • Assassin s Creed: Irmandade - Editora Record (2012)
  • Assassin s Creed: A cruzada secreta - Editora Record (2012)
  • Assassin s Creed: Renegado - Editora Record (2013)
  • Assassin s Creed: Revelações - Editora Record (2013)
  • Assassin`s Creed: Bandeira negra - Editora Record (2013)

Luciano Vellasco

Sou o cara que brinca de ser escritor e se diverte em ser leitor. Apaixonado por livros, fotografia e escrever. Jogador de rpg nos domingos livres, colecionador de Action Figures e Edições Limitadas de jogos. Cinéfilo, amante de series e animes. Estou sempre em busca de conhecer novas pessoas e aprender com cada uma delas e por último, mas não menos importante: um lendário sonhador.
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Comentários
5 Comentários

5 comentários :

  1. Menino apesar de não jogar, eu sempre fico louca pra ler esses livros que tem uma temática ligada a jogos, pra tentar entender mais sobre esse universo. E vê porque meu namorado me abandona de vez em quando, rsrsrsr
    Adoro as tuas resenhas, são muito bem elaboradas e detalhadas, já te disse várias vezes né, que tu escreve muito bem?
    Beijos <3
    ♫ Conversas de Alcova ♫

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  2. Nossa adorei a resenha, super informativa.. Confesso que nunca joguei Assassin's Creed, apesar de sempre ter achado os personagens super interessantes. Amei o fato da mulher dele se chamar Caroline haha com certeza deve ser um ótimo livro até para quem não gosta do jogo.. beijos

    Mutações Faíscantes da Porto

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  3. Kris, o jogo vale muito a pena. Perdoe seu namorado e vá jogar com ele rsrs
    Eu fico lisonjeado cada vez que você diz. Obrigado :)

    Caroline, os personagens de A.C são muito legais e o autor sabe explorar muito bem cada um. É um ótimo livro para quem gosta de aventuras. Beijos ;)

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  4. Eu adoro o jogo, mas não tenho coragem de começar os livros pq eu sei que são muitos, e eu não tenho grana. Huahauhauhauah. Não devia ter lido tua resenha, me deu mais vontade ainda.

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  5. Ótima resenha!Eu li esse livro extraordinário , foi o melhor livro que já passou pelas minhas mãos !E agora vi essa resenha , e vi que está bem "informativo". Parabéns ! :)

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