RESENHA - Jurassic Park (Michael Crichton)

Ficha técnica:
Referência bibliográfica: CRICHTON, Michael. Jurassic Park. 1ª edição. São Paulo, Aleph, 2015. Tradução: Marcia Men 528 páginas.
Gênero: Ficção Científica
Temas: Dinossauros, DNA, Clonagem
Categoria: Literatura Estrangeira
Ano de lançamento: 1991 nos EUA; 2015 no Brasil pela editora Aleph.
















“- E o projeto de Hammond – disse Malcolm –, animais dentro de um ambiente de zoológico, é outro sistema aparentemente simples que vai eventualmente apresentar um comportamento imprevisível.
- Você sabe disso por causa de...
- Teoria – disse Malcolm.
- Mas não seria melhor se você olhasse a ilha para verificar o que ele de fato fez?
- Não. Isso é totalmente desnecessário. Os detalhes não importam. A teoria me diz que a ilha começará a se comportar de modo imprevisível com rapidez.
- E você está confiante na sua teoria.
- Ah, sim – disse Malcolm. – Totalmente confiante. – Ele se recostou na poltrona. – Existe um problema com aquela ilha. Ela é um acidente esperando para acontecer.
*Jurassic Park (pág. 109).


Bem-vindo ao Jurassic Park.
Uma impressionante técnica de recuperação e clonagem de DNA de seres pré-históricos foi descoberta. John Hammond e sua equipe de cientistas fizeram o que o mundo achava impossível: clonaram dinossauros. Este era o embrião do maior e mais ambicioso empreendimento do mundo. Algo que faria os parques da Disney parecerem meros parquinhos de diversão. O plano do magnata de construir o parque jurássico estava quase pronto. Em menos de um ano, o mundo iria conhecer criaturas que antes povoavam apenas o imaginário dos que se aventuravam a estudar seus restos fossilizados. Esses seres viviam secretamente em uma ilha remota, à espera da abertura do parque temático.
Porém, algo saiu do controle.
Os primeiros visitantes são atacados pelos animais, as comunicações com o mundo exterior são cortadas, alguns animais escapam e os sobreviventes precisam achar uma forma de fugir da ilha, antes que sejam mortos pelos predadores.
Cinco anos depois da descoberta da técnica de clonagem, o sonho estava quase concluído. O parque, localizado em uma ilha chamada “Isla Nublar”, afastada no mar da Costa Rica, precisava passar por uma última avaliação de segurança. John Hammond, o bilionário, chamou Dr. Alan Grant, conceituado paleontólogo, Dra. Ellie Sattler, paleobotânica, Ian Malcolm, matemático estudioso da Teoria do Caos, Donald Gennaro, advogado que representava os investidores do empreendimento, e seus próprios netos Tim e Alex. Eles foram convidados para serem os primeiros a experimentar as maravilhas do parque e para que a equipe de Hammond pudesse pôr à prova as condições de segurança para a abertura ao público. Após um passeio turístico guiado por Ed Regis, assessor de imprensa do parque, as coisas começam a sair do controle e o que era para ser uma simples excursão, se transforma em uma luta desesperada pela sobrevivência.

"The Lost World" (O Mundo Perdido), um clássico.
Dinossauros sempre mexeram com o meu imaginário. Já pensei inúmeras vezes como seria o mundo se eles ainda existissem. Ou se existisse mesmo um mundo paralelo ao nosso, como na história “A viagem para o centro da terra” ou na série “O Mundo Perdido” (quem lembra?). E claro, como não lembrar do sucesso de bilheteria dirigido pelo gênio Steven Spielberg? Nem preciso dizer que o filme é baseado no livro. Então, fica praticamente impossível não comparar os dois. Enquanto lia, ficava dizendo mentalmente “Ei, isso não tem no filme!” ou “Essa parte é diferente no filme”. O fato é que Jurassic Park tem um universo tão rico e detalhado que seriam necessários vários filmes (ou quem sabe uma série) para ambientar por completo o que Crichton criou.
Na obra, o autor usa a narrativa do livro para falar sobre boa parte das teorias que regem a busca incessante pelos dinossauros e ainda levanta questões interessantes, como por exemplo, o que aconteceria à paleontologia se os dinossauros voltassem a existir? Interessante também observar as motivações para a construção do parque. E os motivos que levam pessoas como Ian Malcolm e Gennaro a serem céticos quanto ao sucesso do empreendimento. Algo que não foi muito explorado no filme. E por falar neles, os personagens são um tanto diferentes do que foi mostrado no filme. Só para terem uma ideia, no filme, Alan Grant detesta crianças e no livro, foi ele que puxou papo com o personagem Tim. E fora que alguns personagens aparecem bem mais, como Arnold, Muldoon e Wu, este que foi quase que completamente ignorado no filme (e que apareceu novamente em Jurassic World).

 “O ataque veio de repente, da esquerda e da direita. Raptors dispararam, cobrindo os 9 metros até a cerca com uma velocidade chocante. Grant teve uma impressão borrada de corpos poderosos com 1,80 metro, caudas rígidas equilibrando-se, membros com garras curvas, mandíbulas abertas com fileiras de dentes serrilhados.
Os animais rosnavam enquanto corriam, saltando em seguida no ar, erguendo suas patas traseiras com as garras semelhantes a adagas. E então atingiram a cerca diante deles, soltando explosões gêmeas de faíscas quentes.”
*Jurassic Park (pág. 161).


Velociraptors. Depois do Tiranossauro, eles eram a maior ameaça do parque e não tem como não lembrar da frase de assombro de Alan Grant no filme: “Você cria raptors”. Apesar de não serem as únicas ameaças do parque, de fato os dois eram o mais letais. O Tiranossauro mais parecia um espírito obsessor, que persegue e não desiste nunca. Desde seu encontro com os personagens (quem não lembra da cena em que ele derruba as cercas e ataca os carros?!), o animal foi incansável em sua caçada a Alan, Tim e Alex. Aonde eles iam, lá estava ele para tentar devorá-los.


Importante salientar aqui o nível de violência da obra. Novamente comparando com o filme, na narrativa de Crichton, as mortes são descritas como se estivéssemos lendo um livro de terror. De fato, alguns classificam a obra como “Ficção Científica/Terror” pelo seu nível de violência. Enquanto no filme vemos cenas obstruídas das mortes, no livro há descrições em detalhes tétricos, com direito a tripas rolando pelo chão.

“O Maior predador que o mundo já conheceu. O ataque mais apavorante da história humana. Em algum lugar no fundo do seu cérebro de assessor de imprensa, Ed Regis ainda estava escrevendo slogans. Mas podia sentir seus joelhos começando a tremer incontrolavelmente, suas calças abanando como bandeiras. Meu Deus do céu, ele estava com medo. Não queria estar ali. Apenas ele, Ed Regis, entre todas as pessoas nos dois carros, sabia como era um ataque de um dinossauro. Ele sabia o que acontecia com as pessoas. Tinha visto os corpos destroçados resultantes de um ataque de raptor. Podia vê-los em sua mente. E aquele era um rex! Muito, muito maior! O maior comedor de carne que já caminhara pela terra!
Deus do céu”.
*Jurassic Park (pág 241 e 242)

Uma das mais impressionantes cenas do filme na minha opinião.
São muitas as diferenças entre o filme e o livro. Ainda escreverei sobre isso em um post comparativo, mas acredito que não exista um “esse é muito melhor” e ambos devem ser apreciados pelos fãs, pois Crichton detalha seu universo nas palavras e Spielberg traz todo aquele apelo visual que apenas a sétima arte pode proporcionar para o público.
A obra é toda narrada em terceira pessoa. A fluidez da narrativa é veloz e tem como foco a interação dos personagens com o parque. Apenas em algumas partes, onde o autor usa uma narrativa mais científica, o leitor pode achar a leitura um pouco mais lenta, porém não deixa de ser instigante, pois são usados conceitos interessantes, como a Teoria do Caos e clonagem. A relação temporal é toda linear, acompanhando os passos dos personagens – que são muito bem detalhados e ricos em personalidade –, nos acontecimentos que cercam a ilha. A revisão está ótima, alguns erros pontuais de concordância na tradução, mas nada que prejudique a leitura. As ilustrações são sensacionais e dispensam comentários. A editora fez um trabalho esplêndido de diagramação. A capa chama atenção aos detalhes e o desenho do esqueleto do tiranossauro que continua no verso do livro. Os detalhes em laranja escuro nas bordas das folhas dão o toque final à diagramação bem elaborada. O livro é dividido em sete iterações, com comentários pontuais do personagem Ian Malcolm sobre o que está para acontecer no próximo capítulo. Cada iteração é subdividida em pequenos capítulos que vão alternando à medida que o foco da narrativa muda. Ao final do livro temos o epílogo, os agradecimentos, uma entrevista e um Posfácio, escrito pelo jornalista Marcelo Hessel, do Omelete.

Uma das ilustrações do livro *-*
Michael Crichton nasceu em 1942 em Chicago, no estado de Illinois, nos Estados Unidos. Graduou-se na Harvard Medical School e defendeu seu doutorado em Políticas Públicas pelo Salk Institute for Biological Studies. Publicou seu primeiro best-seller, “O Enigma de Andrômeda”, enquanto ainda era estudante de medicina. Seus livros já foram lançados no mundo inteiro, tendo sido traduzidos para mais de trinta línguas. Pelo menos treze deles foram adaptados para o cinema. O autor é conhecido pelo fenômeno de público e de vendas Jurassic Park e por ser o criador da série ER – Plantão Médico, mas também escreveu mais de quinze romances, além de livros de não ficção. É autor de diversos roteiros para a TV e cinema. Infelizmente Crichton faleceu em 2008.
Começo recomendando para todos os fãs da franquia. O livro é uma viagem profunda e intensa dentro do universo jurássico criado pelo autor e uma expansão daquilo que foi apresentado por Spielberg no filme de 1993. Se você, assim como eu e o personagem Tim, que aprendemos desde cedo a admirar esses animais incríveis, esse livro é uma valiosa aquisição. Os fãs de Ficção Científica vão ficar admirados com o embasamento técnico e científico criado pelo autor ao longo da narrativa e com as falas poderosas de Ian Malcolm sobre a teoria do caos e o “Efeito Malcolm”. Aos curiosos que desejam saber um pouco mais sobre dinossauros, eis aqui uma boa fonte para começar.
Jurassic Park é uma história que mexe tanto com o nosso imaginário que ao ler a última página o leitor pode até se perguntar: “e se?”.
   

Bibliografia de MICHAEL CRICHTON:

Michael Crichton deixou para os leitores um importante legado. O autor escreveu muitas obras, que ocupariam espaço demais aqui. Então, deixamos para você, caro leitor, o link das obras cadastradas do Skoob

Luciano Vellasco

Sou o cara que brinca de ser escritor e se diverte em ser leitor. Apaixonado por livros, fotografia e escrever. Jogador de rpg nos domingos livres, colecionador de Action Figures e Edições Limitadas de jogos. Cinéfilo, amante de series e animes. Estou sempre em busca de conhecer novas pessoas e aprender com cada uma delas e por último, mas não menos importante: um lendário sonhador.
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Comentários
27 Comentários

27 comentários :

  1. Oi, Luciano. Gostei da sua resenha, porque minha curiosidade era exatamente sobre isso: quão diferente seria a obra do filme? Achei legal saber que a obra é mais violenta, diria "sem censura". Não tem como não ser violento envolvendo seres como esses (rs). Gostei das suas impressões e acho que apreciaria a leitura.

    Beijos!
    http://www.myqueenside.blogspot.com

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    1. Oi Francine! Obrigado. De fato é uma curiosidade de muitos fãs da franquia :)
      Beijos

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  2. Oi, tudo bem?
    Eu não imaginava que a narrativa fosse fluída, mas não leria o livro pois não curto Jurassic Park e nem sou fã de dinossauros.
    Bjs

    http://a-libri.blogspot.com.br

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  3. Oi, Luciano
    Estou louca para ler este livro, pois amo Jurassic!
    Imagino que a violência do livro deve ser maior, pela riqueza de detalhes que não encontramos nos filmes. Quero ver seu post comparativo depois. Adorei a resenha.
    Não vejo a hora de ler.

    livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br

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    1. Oi Letícia! Obrigado :)
      Vou fazer sim esse post. Aguarde e confie rsrs
      Beijos

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  4. Oi, tudo bem?
    Não tem como não comparar quando lemos um livro depois de ver o filme. Admito que não sou muito fã de Jurassic Park porém sempre que tenho a oportunidade de ver, eu paro tudo. Não tem como negar.
    Gostei muito da sua resenha!!
    Beijos Larissa (laoliphant.com.br)

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  5. Oi Lu, tudo bem? Então, só assisti aos filmes e gostei. Eu até estava pensando em ler esse livro, mas na parte que você diz sobre a descrição (com muitaaaa descrição) das mortes (que são violentas) eu não quero. Armariaaaa... Não tô no ânimo para livros com cenas assim não.
    Resenha maravilhosa, sempre te digo: você escreve muito bem. Quero ser você quando crescer hahahahaha

    Beijos
    Leitora Sempre

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  6. Olá!!
    Quero muito ler esse livro, apesar de achar que o livro perde a magia quando você já assistiu o filme, mas sou também muito fascinada por dinossauros e acho essa historia incrível e sabendo-se que o livro é sempre melhor então quero ler. Não tem como evitar as comparações srsr
    Bjocas!!

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    1. Pelo contrário. O livro acaba fazendo o leitor voltar a magia, depois de tantos anos e aprender coisas novas sobre o universo do filme :)
      Vale a leitura.
      Beijos

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  7. Ótima resenha! Eu vi o filme, mas já faz tempo. Se no filme eu já ficava com medo dos dinossauros, imagino como seria no livro, talvez eu o leia, mas bem mais para frente. Acho a história interessantíssima.

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    1. Obrigado! Se você gosta da franquia, garanto que será uma ótima leitura ;)
      Beijos

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  8. Eu assisti aos filmes há anos e acabei comprando o livro sem nenhuma expectativa. Acabou virando uma das melhores leituras de 2015! Curti pra caramba! E aí fui ver o filme de novo para relembrar. É bom também, mas ainda fico com o livro.
    SPOILER abaixo:
    Não vi o World ainda, mas achei engraçado o Wu estar presente, já que ele morre. O.o

    Infinitos Livros

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    1. Então Samy, também estrangeiros muito! Eu tenho uma teoria a respeito. Mas acho surreal demais para ser verdade. Detalhe para outro spoiler: o Iam também morre e aparece no segundo livro/filme.

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  9. Luciano, eu nunca consegui me interessar pelos filmes. Acho que sou uma das poucas. Vi os filmes por partes. E também devo confessar que sempre torci pelos dinos. Sério! Sempre faço isso.
    Bom, agora sobre esse livro, você destacou algo que eu ainda não tinha lido em nenhuma resenha: o fato de ser muito descritivo nas cenas de violência. E isso me chamou atenção. Ficção e terror juntos é sempre muito empolgante.

    Beijos!

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    1. Verdade Nilda! Tem muitas obras de ficção/terror que eu adoro ;)
      Beijos

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  10. Olá, eu quero ler esse livro em breve, gostei bastante do filme e gostei de saber que as cenas com mortes são mais violentas *-* Espero poder lê-lo em breve.

    Visite "Meu Mundo, Meu Estilo"

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  11. Ola´´a
    Eu recebi o livro e fiquei louca pela edição dele, está impecável, o livro aprece ser lindo para quem gosta do gênero, ótima resenha

    Beijos
    http://realityofbooks.blogspot.com.br/

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  12. Pra começar a diagramação desse livro está super caprichada, quero muito ler Jurassic Park, vi diversos comentários positivos em relação a história, pretendo ler em breve.

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  13. Ainda nao tive a oportunidade de ler o livro, coisa que quero fazer porque eu sou curiosa quando o tema é Dinossauros, a diagramação esta linda. O autor parece fluir bem com a historia.

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  14. Livros na maioria das vezes vão instigar mais a nossa mente do que se simplesmente assistirmos a um filme. Fiquei curiosa pra ler. Parabéns pela resenha.
    Bjs

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