Dark Writer, o escritor sem rosto

Ninguém sabe se é um homem ou mulher, tampouco sua idade nem de onde veio. Mas ao menos sabemos que ele começou tudo isso em nosso território. Ele se autodenomina Dark Writer.  Mascarado, incógnito, escritor brasileiro. Mas o que este ser tem demais? Ele alcançou terras estrangeiras, mesmo sem ter publicado um único livro.

Começou em 2010, com o surgimento de um projeto literário chamado DarkWriterProject. Usando a rede social Orkut, ele pesquisou pessoas que gostavam de ler e estudava seus gostos, para então enviar um pedido de amizade com a frase: “Gostaria de acompanhar a criação de um livro?”. Essa frase se mostrou importante no início do projeto, para que ele chegasse às pessoas que realmente pudessem se interessar pelo seu trabalho e adiante divulga-lo para amigos.

           Quem aceitou a solicitação de amizade descobriu a história de Mary Prince , jovem de Londres que sai em viagem com a família, mas cuja vida toma rumos inesperados após um meteorito destruir o Big Ben.

Por dois anos, os seguidores acompanharam a evolução da história, com direito a dar opiniões ao autor, que graças a influencia dos fãs, chegou a alterar o fim de um dos capítulos. A cada três ou quatro meses, o autor liberava um capítulo para download. No decorrer do projeto, o autor montou uma equipe (maioria fãs) para fazer ilustrações, diagramar e divulgar a obra. O detalhe é que ninguém dos envolvidos sabe sua identidade. “Eu sou muito tímido. – ele diz. – Além disso, queria brincar com a imaginação do leitor”. Por isso, o anonimato dele sempre fez parte do projeto.

Na Bienal do livro de 2012, São Paulo, o escritor apareceu com sua máscara junto da ilustradora Nahamut (este não é seu nome verdadeiro), que retrata o mundo de Mary Prince e integra a equipe editorial. Para deixar tudo ainda mais enigmático (e para não tentarem saber seu sexo pela voz) Dark Writer só se comunica por mímica e apenas com Nahamut, que banca a intérprete. A dupla queria divulgar a obra às editoras brasileiras, mas, como acontece com muitos escritores nacionais, não conseguiram nada. Porém, como destaca Najamut: “Entrar em contato com leitores que enfrentaram horas de viagem para nos conhecer, mostrou que não podíamos desistir”.

Tanto empenho e dedicação do autor e dos fãs os levaram a tentar levar a história para outros países. E foi assim que o primeiro capítulo foi traduzido para o inglês pela professora Alice Fagiolo, outro membro da equipe. Dark Writer passou a ser conhecido também pelos ingleses. Uma dessas novas leitoras, tuitou o capítulo traduzido chamado “A Luz na Estrada”, sugerindo-o a ninguém menos que Barry Cunningham, editor que lançou J.K Rowling. Ele leu e então veio a grande chance que o autor queria.“Logo vi que o trabalho era interessante, mas precisava de organização. Foi por isso que eu fiz questão de contatá-lo”, disse o editor. De uma hora para outra, o autor que trabalhava com os próprios fãs, trabalharia com o homem que lançou um fenômeno mundial de vendas.

Cunningham sugeriu retirar quase toda a obra da internet, provavelmente já pensando em algo maior. O autor concordou prontamente, feliz da vida. “Demorou para a ficha cair. Ao ver o Barry descendo as escadas do café, fiquei sem reação”. Dark Writer se mudou para Londres, onde continuou a divulgação de sua obra, com o apoio de leitores, financiou 200 cópias do primeiro capítulo, que foram distribuídas pela cidade e Oxford. Até hoje, quase 4 anos depois que tudo começou, apenas Cunningham sabe quem está por trás da máscara. E por falar em máscara, aqui vai uma curiosidade interessante:

Em junho de 2011 Dark Writer ganhou a máscara que se tornou sua marca. Presente de um fã que o autor ganhou por meio do Twitter: o designer americano Joji Kojima, conhecido por já ter colaborado com o figurino de Lady Gaga. “Ele ficou curioso sobre a minha identidade e a maneira como eu me apresentava nas redes sociais. Então decidiu me apoiar criando uma máscara exclusiva”.

Querem saber quem é o homem por trás da máscara? O mistério só deve ser revelado em 2015, quando o livro sair com o título decidido, provavelmente, pelos próprios leitores.

Fonte: Super Interessante e Dark Write Project.

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Luciano Velasco

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Sou o cara que brinca de ser escritor e se diverte em ser leitor. Apaixonado por livros, fotografia e escrever. Jogador de rpg nos domingos livres, colecionador de Action Figures e Edições Limitadas de jogos. Cinéfilo, amante de series e animes. Estou sempre em busca de conhecer novas pessoas e aprender com cada uma delas e por último, mas não menos importante: um lendário sonhador.
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