RESENHA - Noites de Sol: o diário de uma quase adulta (Bruno Bucis)

Ficha técnica:
Referência bibliográfica: BUCIS, Bruno. Noites de Sol: o diário de uma quase adulta. 1ª edição. Brasília: Trampolim. 311 páginas.
Gênero: Ficção. Literatura juvenil.
Temas: New adult. Ensino médio. Adolescência.
Categoria: Literatura brasileira.
Ano de lançamento: 2017.











“O que eu não sabia era que a piscina não tinha fundo. Eu sei nadar, mas agora já não sei mais de nada. Estou insegura. A vida é como esse tobogã: nunca sabemos o que nos espera no próximo momento, nem quando há claridade para vê-lo. Não sabemos lidar com o que a vida nos prepara, somos apenas levados por ela.
Ou não.
*Noites de Sol: o diário de uma quase adulta (pág. 195).


Soraya, a Sol, vive inúmeras aventuras no último ano do ensino médio. Ela descobre e redescobre sentimentos em um turbilhão de emoções vivido em pouco mais de 12 meses. A menina da periferia do Distrito Federal sobrevive com pouco dinheiro, mas com muitos amores.
Nessa jornada, Sol percebe que a vida adulta é muito mais difícil do que ela imaginava. Quase lá, a estudante se envolve em situações que exigem maturidade, como homossexualidade, gravidez (calma que não é o que você está pensando!) e escolha de uma profissão. Ao lado dos amigos e da família, Sol vivencia intensamente esse ano inesquecível. Inseparável dela está o diário no qual Sol descreve suas peripécias e os mais íntimos pensamentos.
A protagonista de “Noites de Sol: o diário de uma quase adulta” vive em Ceilândia (DF) – isso, por si só, bastaria para agradar os moradores da região. Nada melhor do que mergulhar em uma história que tem como cenário um local que fica bem pertinho, não é?
A jornada de Soraya inicia com o término do namoro que ela julgava bem-sucedido. A partir daí, todas as certezas da jovem desmoronam. No momento seguinte, no entanto, ela percebe que, na verdade, aquilo lhe fez bem porque ela já não era a pessoa que queria ser, pois vivia em função do ex-namorado.
E é aí que as coisas começam a ficar ainda mais interessantes: Sol toma atitudes que antes julgava ousadas demais. Bom, leitores, empoderamento feminino é necessário, além de ser um assunto muito discutido atualmente, por isso Bruno Bucis acerta ao introduzi-lo na história.
O leitor acompanha, então, as aventuras de Soraya, que entra para uma banda e se apaixona algumas vezes. Sim, algumas. As escolhas da jovem, no entanto, intrigam e até incomodam. Em um momento ela se vê entre dois amores e escolhe o menos óbvio – aquele típico personagem pelo qual a gente torce o nariz.
Ao mesmo tempo em que ela é uma boa amiga da V., do Pedro e da Dani, por exemplo, ela é uma péssima companheira amorosa. O que é irritante, porque em vários momentos o leitor pensa: “Porra, Soraya!!!” Isso, porém, é aceitável, porque ela é uma adolescente e os erros podem ser relevados com mais facilidade. Afinal, todo mundo passa por isso.
A família de Soraya é uma típica brasileira: fora do esperado. Os pais são separados e ela tem pouco contato com o pai, mora com a mãe, o padrasto, a tia e mais ou menos com a irmã, que divide o tempo entre a casa dela e a do noivo. Todos, entretanto, são importantes para o enredo e desenvolvem um papel de “porto seguro” para a jovem.
 “Noites de Sol: o diário de uma quase adulta” é narrado em primeira pessoa, pela protagonista, exatamente como informa o título do livro. No início de cada capítulo estão o dia e mês em que ele foi escrito por ela. Uma peculiaridade da obra que chama atenção é a playlist. Cada capítulo tem uma música que o acompanha – em maioria, a lista é composta por MPB, mas traz uma varidade imensa que vai de Erasmo Carlos até Criolo. Uma parte muito especial da obra que narra um episódio de ruptura para Sol, excepcionalmente, não tem trilha sonora.
A relação temporal é truncada, pois alguns capítulos começam com o resumo da história que virá a seguir – uma espécie de spoiler que faz o leitor ficar ansioso para descobrir os próximos passos de Soraya. A leitura é bem fluida e a linguagem é coloquial, com gírias agregadas, mas nem por isso tem menos mérito, pois alguns pontos têm construções requintadas que demonstram o domínio da língua por parte do autor. O foco narrativo da história é o desenrolar das desventuras de Soraya durante o 3º ano do ensino médio.
Elaborada por Décio Gomes, a capa de “Noites de Sol: o diário de uma quase adulta”, por si só, é uma obra de arte. Demonstra com perfeição a personalidade da protagonista que o leitor irá conhecer. Indo na contramão do senso comum, nesse caso é possível, sim, julgar o livro pela capa.
Bruno Bucis divide a paixão pela escrita com os trabalhos de jornalista e professor de espanhol. Ele mora em Brasília e tem duas gatas. A meta de vida do autor, de acordo com a breve descrição na orelha do livro, é conhecer a América Latina inteira.
“Noites de Sol: o diário de uma quase adulta” definitivamente deve ser lido por aqueles que se veem perdidos e acham que não se encaixam em nenhum lugar no mundo. Os adolescentes e jovens adultos, no entanto, devem se reconhecer mais nos tropeços e acertos de Sol.



Bibliografia de BRUNO BUCIS:

Livros:

  • Noites de Sol: o diário de uma quase adulta – Trampolim (2017).
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