RESENHA- O Homem de Lata (Sarah Winman)

Ficha técnica:
Referência bibliográfica: WINMAN, Sarah. O Homem de Lata. 1ª edição, Baruerí (SP) , Faro Editorial, 2018. 160 páginas.
Gênero: Ficção
Temas: Amor, Dramas familiares, Homossexualidade, Caminhos desviados
CategoriaLiteratura inglesa
Ano de lançamento: 2018














        "Existe algo em torno do primeiro amor. [...] Algo intocável para aqueles que não tiveram nenhuma participação. Mas é a medida de tudo o que vem depois." 
*O Homem de Lata (pág.119)


            A obra de Sarah Winman narra à trajetória de dois garotos que com seus doze anos, em 1963, se tornaram grandes amigos. Ellis e Michael eram inseparáveis, juntos, na chama de sua juventude, exploravam a cidade de Oxford, conversavam sobre livros, o mundo e aproveitavam para fugir de sua dura realidade familiar. Com o decorrer do tempo a amizade entre os dois evoluiu para algo além, algo que preferiam não rotular. No entanto, dez anos depois, as coisas mudaram muito de figura, Ellis se casou com Annie, uma bela moça; e Michael está distante, como nunca antes esteve. Esta é uma história de pessoas que se desencontraram ao longo da vida e sobre como os caminhos podem se fazer diferentes do esperado. Acima de tudo um livro sobre o amor e as possibilidades de finais que ele poderia proporcionar.
        Iniciado com a narração de uma lembrança da vida de Dora e Leonard, pais do protagonista Ellis, quando em 1950 ela ganha uma réplica de um quadro de Van Gogh, quadro este que terá grande significado no decorrer da história, a obra se mostra um tanto confusa e desconexa em seu início. Mesmo quando um narrador observador começa a descrever o que seria o presente de Ellis, então com em média 40 anos e desacreditado da graça da vida, a história ainda parece não fazer sentido e por muitas vezes se torna complicado entender de que época está se falando, já que a autora trabalha com flashbacks sem qualquer aviso prévio da diagramação. Somente lá pela página 35 que é possível começar a entender com mais clareza a cronologia construída ao longo do livro.
          Essa dificuldade inicial em se situar na história é o que torna a leitura arrastada, a princípio. No entanto, logo essa sensação passa e, aos poucos, é possível embarcar na veracidade transmitida pela dura, porém poética história que vem pela frente. O passado vai sendo revelado e logo de cara cenas de Michael e Eliis tomam forma, é a partir delas que vamos compreendendo a relação terna que os dois tinham. Ambos com problemas familiares, sendo os de Ellis ligados ao seu duro e aparentemente insensível pai; e os de Michael ligados a sua mãe e a descoberta de sua própria homossexualidade. Não darei detalhes sobre tais problemas, mas o que posso dizer é que eles dão o tom de toda a ficção criada, dando a ela uma veracidade ímpar, cada sentimento dos personagens é compreensível, tal como cada decisão que os leva ao final da forma como foi e não ao final da forma come seria esperada em um sonho ou em um “conto de fadas”. A realidade se mostra dura, mesmo tendo momentos de felicidade.
aqui
          Até a metade do livro a história está sendo contada por um narrador observador através do presente de Ellis e da sua própria visão dos fatos ocorridos no passado. Uma jogada muito interessante da autora, que não coloca o próprio personagem como porta-voz, mas mesmo assim consegue colocá-lo no comando das páginas e pensamentos. Já quando nos encaminhamos para a segunda metade do livro, a narração passa para as mãos de Michael, por meio de um diário onde ele abusa da ironia e do poético, o personagem nos faz ri com suas conclusões trágicas e revelações explícitas das suas vivências
       Do meu ponto de vista, é aí que começa a melhor parte do livro, Michael é de fato um personagem cativante e fascinante, assim mesmo, rimando, pois ele adora poesia, haha.  Um aspecto de que gostei bastante é que a autora consegue dar uma personalidade própria a escrita do personagem, que era jornalista e apaixonado por livros.  Tal fato torna Michael mais real para os leitores, como se tudo de fato tivesse acontecido no mundo em que vivemos.
      Por falar em mundo, a maior parte da ficção se passa na Inglaterra, com partes em Oxford e outras em Londres, mas um lugar que também se faz muito presente na história é a bela França, país onde os personagens descrevem paisagens e momentos incríveis, daquela forma que pode fazer um leitor querer pegar um avião no mesmo instante. A presença de cidades  francesas no livro tem relação com a tal réplica do quadro de Van Gogh que lhes falei que seria importante na história. Inclusive, este é outro ponto forte e diferencial da obra, a forte presença da arte na história, algo que atiça o leitor em todos os aspectos culturais.
        Para não me estender muito, vou resumir: um livro extremamente indicado e adequado aos que gostam de explorar as relações humanas, com amores de uma vida inteira sendo colocados em palavras, ele nos faz pensar em como este sentimento pode se mostrar de formas tão variáveis e inéditas. Com personagens muito bem construídos e uma narração gostosa, é difícil não se apaixonar. Os que conseguirem ultrapassar a dificuldade de leitura inicial, não se arrependerão ( na realidade, acredito que esse aspecto seja bem relativo também, vai de leitor para leitor, eu achei meio confuso e arrastado inicialmente, mas pode ser que vocês nem achem isso). Enfim, mais um livro que venho resenhar para vocês e posso afirmar com um sorriso no rosto que amei, não sei se tenho sorte ou se sou fácil de agradar, só sei que fico feliz. É isso.



Espero que vocês tenham gostado. Não se esqueçam de compartilhar essa resenha, caso tenham gostado. Também não deixem de comentar o que acharam aqui embaixo, adoro saber a opinião de vocês. Me acompanhem também no meu blog Variável S.


Beijão!!! Até o próximo post. 😉💖

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